Pregação dos exercícios espirituais inacianos (3)

09-06-2013 22:56

Continuamos a exposição sobre a pregação dos exercícios espirituais inacianos. Vimos até agora o que eles são e qual é a sua finalidade, o modo de fazê-los, a duração e como vivê-los (1). Repassamos também os temas que devem ser abordados na primeira semana (2). Hoje veremos os temas da segunda semana dos exercícios espirituais.

Santo Inácio de Loyola abre a segunda semana com a meditação sobre o chamado de Cristo Rei ao grande empreendimento da redenção. Cristo chama por amor e livremente quem Ele quer, onde quer, como quer, convidando a segui-lo sem esconder as condições: renunciar a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo. Promessa? A sua própria Pessoa divina, a sua amizade e o seu amor, e, depois, a vida eterna.

Seguem-se as meditações sobre a Encarnação, o Nascimento, a Vida Oculta e a Vida Pública de Jesus, com o objetivo de conhecê-lo mais para mais amá-lo e segui-lo na liberdade e no amor. Jesus fez tudo isso por nós para nos reconquistar. E nós, o que estamos dispostos a fazer por Cristo?

Parte-se dos textos dos evangelhos e procura-se fazer não mais uma meditação mental, como na primeira semana, e sim uma contemplação: ver os personagens, ouvir o que eles dizem e como reagem, entrar na cena e deixar-se interpelar pela mensagem que Cristo quer nos dar nessa meditação-contemplação. Saímos da meditação com decisões da vontade, e não apenas com sentimentos e emoções do coração.

Nesta semana, recomenda-se o seguinte ao pregador:

Apresentar os pontos com um texto bíblico e em forma de meditação-contemplação, e não em forma de palestra.Com apenas uma ideia ou verdade, em vários aspectos coerentes, lógicos e estruturados, a partir do texto bíblico.Portanto, evitar pontos que pareçam “três mundos diferentes e desconexos”. “Não é o muito falar, não são as muitas ideias o que satisfaz a mente e a alma”.

Pontos apoiados no magistério de algum Santo Padre que ilustre o mistério contemplado.

De forma original, sim, mas sem querer esgotar todos os aspectos dessa verdade ou o aspecto que se medita. Apresentar a beleza e a objetividade da mensagem de Deus nesse texto, mas sem focar muito na parte moralista, embora ela também seja necessária. A parte moral é justamente o que Deus tem a pedir do exercitante, em seu momento de solidão na oração.

Pontos expressos com brevidade, austeridade e sem muitos recursos oratórios (imagens, exemplos, contos), para não perturbar o clima de oração e de diálogo com Deus. No entanto, deve-se mostrar, na expressão e na exposição, a intimidade e o fervor diante dos mistérios contemplados e expostos ao exercitante. Não se trata tanto de erudição quanto de vibração, de entusiasmo e de ressonância espiritual no apresentar a Pessoa divina de Cristo, um Cristo que se fez homem cheio de amor e de carinho. O pregador sagrado deve entusiasmar com a Pessoa de Cristo. A expressão deve ser cálida, vívida, convicta, positiva e entusiasta. O pregador deve comunicar-se com o auditório, em vez de apenas ler.

Continuaremos…