Quaresma: Combate profético consigo mesmo.

22-10-2010 15:06

 

Quaresma: Combate profético consigo mesmo.

 

Formação

 

 Porque tu és pó e ao pó hás de voltar (Gn 3,19b)

Começamos com um trecho das Sagradas Escrituras bem forte, mas que resume o sentindo do tempo quaresmal. Somos finitos e possuímos sombras dentro de nós. Este texto tem por objetivo alertar a juventude para que não perca o sentido da Quaresma. 

A dupla índole do tempo quaresmal, que principalmente pela lembrança e preparação para o Batismo e pela Penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispões à celebração do Mistério Pascal(SC,109). Neste Documento do Concílio Vaticano II é apresentado o sentido da Quaresma. Um tempo de preparação para a Páscoa que é o centro da fé cristã. É também mostrado os meios para essa preparação: ouvir a Palavra de Deus e a oração; além do grande chamado para a conversão do coração. Disso tudo já ouvimos e vamos ouvir muito sobre isso.

Na tradição patrística era costume o jovem (ou adulto) antes de receber o Bastimo fazer um retiro de quarenta dias. Os Santos Padres sabiam que através do retiro espiritual os candidatos ao sacramento entrariam em confronto com suas mazelas e encontrariam o seu Senhor que age e ama apesar da miserabilidade do ser humano.

Você pode interrogar-se: E a juventude? Onde ela entra nessa história? O quê que tem haver o meu estado de vida com a Quaresma? 

No nosso pensar a Quaresma é um tempo de graça para os jovens, pois deve fazer lembrar que somos pó e para ele voltaremos, e mais do que lembrar é aceitar que somos pó. Isto quer dizer que devemos reconhecer que somos jovens fracos, miseráveis, imperfeitos (no sentido de condição humana). Só assim, a prepotência e ou a soberba que afligem muitos de nós cairá por terra. É preciso reconhecer que existem sombras, escuridão dentro de cada um de nós, só assim acontecerá um verdadeiro Pentecostes e seremos apóstolos da efusão do Espírito Santo.

A Cultura de Pentecostes não será instaurada sem um grande combate (esse é um dos sentidos de ser Sentinela da Manhã) e o grande combate dar-se primeiramente no nosso interior: qual é a nossa verdadeira identidade? É no encontro consigo mesmo (nas limitações, mazelas,etc) que nós jovens encontramos qual é a nossa identidade e quem é aquele que mora em nós. Foi essa experiência que São Paulo fez e ao fazê-la descobriu que era e quem era o Senhor:  Por isso, de bom grado, me glorio das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim; e me comprazo nas fraquezas, nos insultos, nas dificuldades,nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois, quando estou fraco, então é que sou forte (2 Cor 12.9b-10)

A Quaresma para a Juventude deve ter esse sentido de combate, mas não qualquer combate: um combate profético consigo mesmo, pois a vitória é nossa. Proponho como umas das possíveis armas para esse combate jejum, pois ele é uma grande arma na luta contra as paixões e vícios. Na tradição monástica o jejum sempre foi compreendido como luta contra os vícios, luta pela pureza do coração.

Segundo o monge beneditino Anselm Grum:  a luta que os monges travam no jejum contra seus inimigos inicia pela contato com o inimigo. Por meio do jejum, eu descubro, em primeiro lugar, quem é meu oponente. Por meio da comida e bebida posso reprimir muita coisa. O desprazer e o vazio que não podem nem sequer aflorar. No jejum ao contrário, eu me encontro comigo mesmo, encontro-me com os inimigos de minha alma, com aquilo que, no meu íntimo, mantém-me preso. E ainda: Em primeiro lugar, o jejum nos confronta com nós mesmos, com todos os nossos desejos e necessidades, nossos sentimentos e pensamentos, com nossas sombras. Reconhecer as próprias sombras já nos torna mais humildes (&) o jejum é antes um caminho para aproximar-se cada vez mais da sua própria verdade, um caminho no qual temos que nos relacionar muito bem com nós mesmos, no qual libertamos nosso âmago bom das amarras que se enroscaram em terno dele. Ao jejuar lutamos não contra nós mesmos, mas sim contra os inimigos da alma que querem impedir que nos tornemos, nós mesmos, filhos e filhas de Deus, criados a Sua imagem e semelhança.(Jejuar: Corpo e Alma em oração. p. 34.46-48).

Portanto, juventude, não esqueçamos que a Quaresma é uma graça de Deus, mas que também é um tempo de combate. Tenho a certeza que ao sairmos dela encontraremos com o último e definitivo de todas as coisas: Jesus Vivo e Ressuscitado!

 

Bruno Rafael

Ministério Jovem RCC Amapá