POR QUE TEMOS SEMEADO TANTO E RECOLHIDO TÃO POUCO???

22-10-2010 17:24

 

POR QUE TEMOS SEMEADO TANTO E RECOLHIDO TÃO POUCO???

 

O livro de Ageu, embora o mais curto da Bíblia, é muito rico e podemos tirar dele inúmeras reflexões. Quero sugerir que façamos pessoalmente e/ou em grupos um estudo mais aprofundado deste livro e quando possível a lectio divina. Sugiro ainda que na sequência você leia também os livros de Esdras e Neemias.

Tomando nossa Bíblia em Ageu 1,5b “Vocês estão plantando muito e colhendo pouco”. Ou ainda conforme a versão da Edição Ave Maria: “Semeais muito e recolheis pouco”; gostaria de fazer aqui com você uma reflexão sobre um aspecto deste texto que o Senhor vem inquietando nossos corações há algum tempo.

Quando me preparava para a partilha que faria no workshop do Ministério Universidades Renovadas (MUR)1 durante o Encontro Nacional de Formação (ENF 2010)2, o Senhor me trazia ao coração o momento de Sua entrada em Jerusalém, quando o povo o aclamava intensamente. Todavia, este povo que o aclamou, não se comprometeu com Ele e sua proposta, tanto que este mesmo povo, dias depois gritava pedindo a sua morte de cruz. O povo o aclamou, mas não se comprometeu com Ele.

Hoje Jesus pede a cada um de nós que estamos construindo a história nestes tempos, que protagonizamos este novo tempo da Igreja, da RCC e do MUR, não que participemos dos eventos, encontros e reuniões do Grupo de Oração simplesmente para aclamá-lo, mas que assumamos com Ele um compromisso, o mesmo compromisso que assumiram os santos, os mártires e aqueles que fizeram com que a Fé pudesse chegar até nós.

Ao olharmos para a vida dos santos e dos mártires, vamos perceber que cada um deles, sem exceção, viveu profundamente as Práticas Espirituais. Todos eles sempre levaram muito a sério não apenas a vivência das Práticas Espirituais, mas também o ensinamento destas. Olhando ainda a história da Igreja e consequentemente nossa história de Fé, vamos perceber de maneira incontestável que esta vivência fertilizou o coração dos homens e permitiu que a fé chegasse até nós, vejamos:

  • Por que em Pentecostes se experimentou de modo tão forte e intenso o poder de Deus? Ora, o que eles fizeram por 50 dias senão viver as Práticas Espirituais enquanto aguardavam o Espírito Santo!?
  • Por que os Santos também tiveram experiências tão fortes da presença de Deus? Por acaso eles não viviam fervorosamente as Práticas Espirituais!?
  • Por que em Duquesne-EUA, no início da RCC, aqueles universitários tiveram uma experiência tão intensa do Batismo no Espírito Santo e que se propagou rapidamente pelo mundo todo? Acaso todos eles que se reuniam naquele grupo não viviam intensamente as Práticas Espirituais!? Podemos ver os relatos nos livros. Os que continuaram vivendo as práticas continuam firmes até hoje, todavia, alguns as abandonaram e perderam-se pelo caminho...

Por que o MUR frutificou tanto no início e hoje nos percebemos semeando muito e colhendo tão pouco???
No início tínhamos bem menos semeadores. Posso me lembrar do Mococa3 partilhando e testemunhando das viagens onde ele aproveitava o tempo durante uma conexão aérea e outra e, enquanto aguardava no aeroporto, ligava para dois ou três jovens conhecidos do lugar, convidava para um encontro ali mesmo no aeroporto onde tomavam um suco juntos e ele partilhava sobre o Sonho de Universidades Renovadas, faziam uma rápida oração e pronto, daquela conversa já nascia ali um ou mais Grupos de Oração Universitário (GOU). Um mês após cada Encontro Nacional de Universitários Católicos Carismáticos (ENUCC) a única lista que tínhamos na internet à época “pipocava” de partilhas de novos GOUs que surgiam Brasil afora. E tantas outras histórias que conhecemos de gente que começou o trabalho sozinho em seu Estado ou região.

Que dizer então dos recursos e ferramentas que dispúnhamos há 10 ou 15 anos atrás para semear?!! Não havia telefone celular, a internet estava chegando ao Brasil, quase ninguém tinha computador, as viagens eram todas de ônibus e raramente alguém viajava de avião para as missões. Hoje graças a Deus temos celular, internet, e-mail, listas de discussão, MSN, Skype, Orkut, Twitter, notebooks, WEBTV, câmeras digitais, carros, passagens aéreas acessíveis, pen drives e mais uma infinidade de outras ferramentas e instrumentos para nos ajudarem a semearmos e as colheitas têm sido muito menos abundantes.

Amados, continuamos semeando a mesma Semente – a Palavra de Deus, a Boa Nova; Esta semente que semeamos é sempre fecundada pelo Espírito Santo, portanto não há como ela não produzir frutos. Mas se continuamos semeando a mesma semente, se ela continua sendo fecundada pelo Espírito Santo, se contamos com ferramentas e instrumentos cada vez mais eficientes e eficazes para semearmos, se contamos com um número muito maior de semeadores, e se temos trabalhado tanto semeando, então por que os frutos têm sido poucos? Por que semeamos tanto e recolhemos tão pouco e o pouco que recolhemos por vezes tem sido espalhado com o vento, conforme o Profeta Ageu nos diz?
A conclusão que chego com esta reflexão meus queridos, que sinceramente acredito ser inspirada pelo Espírito Santo, é de que o terreno onde temos lançado a semente não está suficientemente fertilizado para que a semente fecundada pelo Espírito Santo produza frutos abundantes.

Acredito de todo meu coração que o que fertiliza o terreno (corações) são as Práticas Espirituais.
Fertiliza o meu e o de muitos outros que até mesmo nem conheço.
Amados, quantos de nós não temos em nossa história uma mãe, uma avó, uma tia, uma madrinha, alguém que sempre rezou por nós, que nos ensinou a ir à missa, a rezar o terço, a confessar, a adorar Jesus, jejuar. Mesmo que não nos tenha ensinado, que praticava isto com freqüência na nossa intenção?!!
Não é novidade nenhuma para nós que hoje evangelizamos nas universidades, encontrarmos pessoas que não sabem sequer rezar uma Ave Maria, porque nunca tiveram alguém para lhes ensinar. Hoje as pessoas não têm mais aquela avó, aquele avô, a tia, os pais, os padrinhos rezando por elas, pois todos estão ocupados e preocupados com inúmeras outras coisas, menos com isto. Por conseqüência, elas também não rezam, pois não aprenderam e nunca nem ouviram falar em Práticas Espirituais...

Por outro lado, nós em nossas correrias do dia-a-dia, aos poucos vamos trocando as Práticas Espirituais pelo serviço da evangelização e não raras vezes, até vamos nos profissionalizando nisto. Acreditamos que nem precisamos mais rezar e escutar a Deus para prepararmos um evento, um encontro, uma pregação, afinal já fizemos tantas vezes... Começamos a viver um “fervor indiscreto” e passamos a fazer, fazer, fazer e sem perceber deixamos de lado e arrefecemos a vivência das Práticas Espirituais e principalmente da escuta a Deus!

A consequência disto é que a cada dia o terreno onde lançamos a Semente da Boa Nova, que inclusive é fecundada pelo Espírito Santo, vai se tornando cada vez mais fraco, carente de nutrientes, endurecido como um torrão e ao final, os frutos são bem inferiores ao que deveriam ser em quantidade e em qualidade.

Não precisamos mudar a semente e nem podemos, todavia, é necessário FERTILIZAR o solo!!!

Evidentemente que não adianta nada passar a retomarmos a vivência das Práticas Espirituais como mero devocionismo e aos poucos as banalizarmos, mas o fato é que se faz NECESSÁRIO hoje, tomarmos consciência através de nosso Batismo no Espírito Santo, que nossa restauração pessoal e a reconstrução do Templo implicam na nossa mudança de atitude e no compromisso verdadeiro com nosso Pai Eterno, retomando com o devido Amor, Respeito e Profundidade a vivência pessoal e comunitária da Oração pessoal diária, da Adoração ao Santíssimo Sacramento, da Eucaristia, da Confissão, da Leitura Orante da Palavra de Deus, da Oração do Terço Mariano e do Jejum e eu acrescentaria ainda, da prática da caridade. Não vou me deter aqui nas práticas relacionadas, porque temos em nosso site um rico material, bastante básico, onde podemos estudar sobre cada uma destas práticas, basta você entrar lá na seção de formação e baixar. Precisamos viver estas práticas mais intensamente, pois se temos semeado tanto, desejamos e queremos ver estas sementes produzindo frutos incontáveis, como nos promete o Senhor. Sendo assim, vamos fertilizar os corações!!!

Neste sentido, o MURBRASIL discerniu durante o ENF assumir imediatamente a vivência de duas Práticas Espirituais de maneira comunitária. Juntos, o MURBRASIL está rezando o Terço Mariano – todas as terças-feiras na intenção de fertilizar os corações dos universitários e profissionais do Brasil e do mundo para receberem a Boa Semente e todas as sextas-feiras, estamos jejuando, na mesma intenção. Você está convidado a juntar-se a nós nesta batalha. Vamos nos unir para que o coração de cada Filho de Deus seja um terreno fértil a receber a Boa Nova, especialmente neste ano de 2010.

IERECÊ JUSSARA C. GILBERTO
GOU – Miles Domini
GPP – Sopro de Vida
2ª Secretária do Conselho Nacional da RCCBRASIL