Pregação Sagrada - Panegírico
PREGAÇÃO SAGRADA
Panegírico
Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 10 de Maio de 2013 (Zenit.org) - Quero agradecer sinceramente pelas contribuições e sugestões que os leitores têm me enviado. Eu valorizo e guardo todos os conselhos de vocês como ouro!
Vejamos, agora, o próximo tipo de pregação.
PANEGÍRICO
Primeiro, o que é um panegírico e qual é a sua finalidade? É um tipo de prédica que se faz no dia do padroeiro do lugar ou da paróquia. Seu objetivo é narrar a vida do santo para inspirar o povo e para que se possam aprender as lições e virtudes que o padroeiro praticou na vida. O panegírico é feito uma vez por ano. Pode ser feito dentro da missa, como homilia, ou fora da missa, quando a sua extensão pode ser maior que a de uma homilia.
Segundo, como fazer? De início, narra-se a vida do santo no seu contexto histórico, de modo agradável, vivo, atrativo. Depois, comenta-se a virtude mais importante do santo, a virtude que nos interessa destacar. Finalmente, procura-se trazer este santo para o nosso “aqui e agora”: temos que fazê-lo caminhar pelas nossas estradas e ruas. Cada santo continua sendo atual hoje.
Apresento a seguir um possível modelo de panegírico sobre São Pio de Pietrelcina.
Primeiro: contemos a vida que ele viveu e as provações que Deus lhe permitiu enfrentar.
Segundo: “A nossa paróquia se alegra com o seu padroeiro e quer aprender dele, acima de tudo, a capacidade de sacrifício oferecido por amor e no amor”. Neste momento, explica-se um pouco sobre a virtude do sacrifício: o que é, por que sofremos, para que sofremos, como devemos sofrer…
Finalmente: “Estejamos conscientes de que nós também atravessaremos sofrimentos: sofrimento físico, moral ou espiritual…”. Citar casos concretos de pessoas que sofrem. “Aprendamos do santo Padre Pio”. E com um texto do padre Pio, encerramos o nosso panegírico.
Aproveitamos hoje para resumir os conselhos que a oratória pede em toda pregação:
Primeiro: passar uma única ideia, com o seu objetivo claro. “Temos que ser santos, cada um no lugar e na missão em que Deus o colocou”.
Segundo: essa ideia é desenvolvida em dois ou três aspectos lógicos, estruturados e claros,que explicitam a ideia e o objetivo. “Eu tenho que ser santo, primeiro, por ser batizado;segundo, eu posso ser santo porque tenho todos os meios para ser santo; e terceiro, será que eu realmente quero ser santo? Isto é que é decisivo”. Percebem os pontos progressivos, claros, estruturados do mesmo tema?
Terceiro: ideias concretizadas e sensibilizadas para a vida dos ouvintes no seu dia a dia. “Você, trabalhador, tem que ser santo no seu trabalho de cada dia, trabalhando com honestidade e com alegria… Você, estudante, tem que ser santo, levando a sério o seus estudos para ajudar a humanidade e para ter um bom futuro… Você, mãe de família, tem que ser santa educando os seus filhos na lei e no amor a Deus, cuidando e se sacrificando por eles e pela sua família… Eu conheci X, que vivia… Se Agostinho de Hipona, apesar dos seus muitos pecados, foi santo, por que é que eu não posso ser?”.
E quarto: ideias manifestadas com convicção, imaginação, força, positividade e amabilidade,empregando imagens, contrastes, comparações, parábolas, mudanças de voz, perguntas, suspenses. “É claro que você pode! Você já tentou alguma vez? Quem disse que você não pode ser santo? Você tem a ‘madeira’ para ser um santo de verdade; só precisa de um bom escultor, como dom Bosco foi um bom escultor da madeira de São Domingos Sávio. Vamos lá, tente!”.
Padre Antonio Rivero tem licenciatura e doutorado em Teologia Espiritual pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma. Atualmente exerce seu ministério sacerdotal como professor de teologia e oratória, e diretor espiritual no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil.